quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Irmão chapado.


Meu irmão diz: ''Um cachorro vai correndo pelo limão até chegar numa galinha que explode numa explosão de Thainás. Depois da explosão de Thainás, cai uma big laranja do céu que matou todas as dengues que tinham suquinho no cérebro. E esse é o final injetando maracujá no cérebro. ''
Bia diz: Adoro as piadas do seu irmão.
Meu irmão diz: ''
Não era uma piada. Era pra ser uma viagem intelectual entre os minúsculos fragmentos de um espelho que foram amarrados por um basbante rosa choque desafinado por um mouse dietético de tangerina.''

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pai.



Nem imagina as saudades, nem imagina que faz falta. Deve pensar que só trás lembranças ruins, que só me causa sentimentos ruins. Quando não. Quando eu lembro, eu lembro também das coisas boas, também sinto o amor de um filho. Também tenho orgulho de ser seu filho. Só não consigo falar. E por que? Por que sempre sou tão fraco, tão pobre? Brigas tolas, desentendimentos desnecessários. Ambos erramos, apesar de você não assumir sua parte da culpa. Mas ninguém entende. Pra falar a verdade, acho que nem mesmo nós dois entendemos. Ou será que você entende? Acho que só finge entender. Sabe... Você não deveria se fazer de tão forte. Eu não deveria me fazer de tão forte. Você não deveria ser tão orgulhoso. Eu não deveria ser tão orgulhoso. Afinal, somos pai e filho. Uma hora isso tudo vai ter que acabar, certo? Mas não sei nem mais se te conheço, se me conhece. Aliás, eu sei. Não nos conhecemos mais. Você não está vendo seu filho crescer e seu filho não está crescendo com você. Podemos dizer que não precisamos um do outro, mas todo mundo - inclusive nós dois - sabe que não é verdade. Pelo contrário. Deveríamos aprender com os erros, com as brigas, ficar mais amigos, mais próximos apesar de tudo. Se todos os pais e filhos brigam, se todos superam isso, por que logo nós dois fomos ser tão fracos? Eu estou perdido e você não está aqui - nem mesmo para me dar uns dos seus esporros. E , acredite, até disso eu chego a sentir falta. De como você sempre foi neorótico com tudo, como sempre se irritou fácil. Agora eu moro perto das Paineiras. Sempre penso em ir lá andar de patins, mas acabo desistindo. Teria uma sensação de vazio sem você me mandando colocar proteção, não andar com os skatistas, pra tomar cuidado com as pessoas. Sem você contando as histórias dos patinadores que foram atropelados ali, de quando você caiu de moto. E suas palhaçadas na volta? Pff. Você sempre foi tão sem graça, pai... Tenho que fazer um livro de piadas. Com várias delas. Todas sem a menor graça. HAHA. Mas, mesmo assim, eu ria. Não para te deixar feliz - apenas - mas porque contigo contando ficava engraçado. Não sei, eram tão espontâneas... Eu acabava rindo naturalmente. Oh, pai. Por que foi tão rude na última vez que te liguei? Por que não passou por cima do orgulho, como eu fiz, e me ligou de volta, ao menos? Eu realmente queria estar contigo agora. Queria ter aquela sensação de me arrumar correndo, mas me preocupando com os mínimos detalhes. Para não te deixar esperando e levar esporro, mas para você me dizer, daquele modo que só você sabe, que estou mais bonito do que nunca - mesmo que isso seja a maior mentira do mundo. Estou com saudade de comer aqueles pratos congelados que você insiste em falar que você quem fez. Estou com saudade de abrir seu congelador e ver apenas duas garrafas de Absolut, uma de Black Label e aquele pacote de bacon que deve estar estragado há uns três anos. Ir ao banheiro de empregada e ver aquela caixa de Red Bull - eu sempre roubava um.
''Tentati Tatá. Tatá tentati.'' Argh, como isso me irritava! Lembra que sempre me acordava assim, gritando e batucando nas paredes. Se fosse qualquer outra pessoa eu acordaria de mal humor mas, como era você, mesmo irritadíssimo, eu acordava rindo. Rindo das suas palhaçadas, das suas manias irritantes.
Sabia que eu larguei o teatro e o Tae Kwon Do? Eu não vou mais à Quinta, não estudo mais no _A_Z. Agora eu faço pré-técnico, no PI. Você não deve nem mais lembrar a cor natural do meu cabelo. HAHAHA.
Eu quero você de volta, pai. Nem que seja só pra levar mais esporro, pra conhecer mais uma namorada chata, pra ver você saindo e me deixando cuidando do meu irmão, pra pedir comida chinesa de manhã, pra ser acordado quatro horas depois de ir dormir, morrendo de sono. Todas as suas manias irritantes fazem falta. Você faz falta. E muita. Eu queria que você soubesse, eu queria ter coragem de te dizer. Mas acho que vamos continuar assim, por muito tempo. Você bem que podia me ligar. Dizer que me ama. Diz que me ama. Ou ao menos pensa. Vai, pensa que me ama... Assim eu saberei, eu escutarei. Você disse que sempre que você pensasse em mim, eu saberia. Será que você não pensa mais, ou será que eu não ouço mais?
Eu te amo.

Alexei Twigger.

O beijo.


''O melhor beijo é o beijo desejado,
o beijo que me completa,
o beijo da minha forma adequada,
o beijo com o sabor do desejo na flor da minha pele,
o beijo da minha vontade,
o beijo que jaz o meu pensamento,
o beijo que faz a minha boca e meu corpo querer um novo.
Beijo outra vez.
O melhor beijo é o beijo sem tempo.
O beijo de longa duração ou de pouca duração.
Um beijo de vinte segundos ou de vinte minutos,
isto não importa.
O tempo não conta.
Enquanto se beija o tempo para,
o tempo freia.
E nesta inércia do tempo só sinto
a louca vontade de mais um beijo.
Sinto a outra língua que de encontro com a minha
faz um passeio suave e excitante,
umidecendo minha alma.
Sinto a língua que viaja dos dentes ao céu da boca.
Sinto a língua que acaricia os meus lábios.
A língua e a língua...
A língua que me roça, que me percorre,
que me navega e que me lambe...
O melhor beijo é o beijo em que a língua faz o beijo.
E o beijo faz sexo.''

Meu pai.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Believe me.

Como eu odeio essa sua mania de me provocar... Nunca vi alguém gostar tanto de me ver irritado. Mal sabe que a maioria de seus comentários e brincadeiras me deixam quebrado. Me maltratam por dentro, como se eu estivesse levando chicotadas. Na verdade, eu preferia apanhar a sentir esse aperto tão grande no peito. Fuck... Por que eu fui gostar tanto de você? Como você foi voltar pra ele? São tantas perguntas que eu me faço diáriamente. Eu queria que meu coração entendesse que você não é mais meu. Na verdade, eu acho que ele entendeu. Se não tivesse, por que diabos ele doeria tanto? Acho que ele sabe, mas não aceita. Assim como eu. Eu queria que eu cumprisse a promessa que eu fiz a todos de te esquecer. Eu queria que a frase ''Eu não sinto mais nada por ele'' fosse verdade. Mas eu e você sabemos que não é. E não vai ser tão cedo. Não sei porque, há uma outra coisa que me incomoda muito. O fato de eu ter certeza que você não tem idéia do tamanho do meu amor por você... Você não sabe, não acredita.