sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Admirável vida finita.

Vejo-me pedido quando penso profundamente sobre coisas tão banais, normais.
E se eu não tivesse bebido aquele gole de água? E se tivesse esperado a sede apertar? Apenas para curtir a sensação da falta, da real necessidade. Apenas pra sentir a garganta seca, o organismo cansado.
Se eu não tivesse dado aquele passo, eu ainda teria que ver seus lábios me dizerem palavras mudas?
Se eu não te conhecesse, no que eu pensaria agora?
E, quando acho que vou me livrar de minha mente cansada e incansável, enquanto me dirijo ao meu quarto, sonhando acordado em sonhar dormindo, algo que mudaria meu jeito de pensar em vida pra sempre – ou provavelmente apenas por alguns minutos, ou segundos.
Que ser era aquele que me encarava da porta fechada de meu quarto? Pequeno e inofensivo inseto... Mais vivo do que eu. Mais valente, mais seguro, mais consciente do que eu.
Talvez tenha vindo daí minha tamanha e incontrolável vontade de esmagá-lo com a ponta de meus dedos, apenas para mostrar quem manda.
Depois... Estou louco? Ninguém se sente mal por matar um inseto. Bom... Eu, sim. Ao menos nesses longos segundos de reflexão. Como uma vida pode acabar assim? Sem motivo, sem razão.
Assim, eu posso acabar daqui a um instante.
Alguém pode querer me mostrar quem manda também.
E meu compromisso, pra onde eu ia, as pessoas que não sabem o tamanho do meu sentimento, as palavras que não foram ditas, as coisas que não foram feitas, os sonhos que não foram realizados, as merdas que não foram consertadas?
Sem tempo, sem chance, sem atitude pra nada.
E é aí que enlouqueço, que me fujo dos dedos.
Ainda prefiro dormir.

Alexei Twigger.

Nenhum comentário:

Postar um comentário